Existem diversos tipos de existências. As que vivem somente por viver, afinal, o milagre da vida é o maior presente que podemos receber e por ora então, são satisfeitas em sua mera existência. Alguns vivem pelos outros, abrem mão dos sonhos próprios e se inserem em sonhos alheios… O que não deixa de ser poético. Afinal, o sorriso dos estimados é algo tão precioso, que às vezes tira a razão de nossas ações de cunho egoísta.
Outros sonham por si, traçam objetivos e os perseguem. Obstinadas existências que seguem a luz em meio a escuridão, mesmo sem saber se de fato, é na luz que reside a plenitude das pessoas.
O ser humano é precioso, pois sempre precisa ter um motivo para agir, uma meta, algo que possa balizar suas atitudes, e as vezes por que não, justificá-las. Precisamos cada um da sua maneira, justificar o motivo de nossa existência. Mas não perante os outros, e sim a nós mesmos. Antes de dominar o mundo, pense em dominar a si mesmo, é uma regra básica da conquista. Ideais, motivos nobres, quem sabe. Cada qual, com suas sentenças pessoais.
Eu? Bem… Eram meros sonhos, e algumas promessas a cumprir por pessoas estimadas. Cada uma há seu tempo foi se esvaindo. Ora por sonhos que se tornaram realidade, ou promessas que foram cumpridas, ora por sonhos que perderam a razão, afinal, o tempo é o mais sábio dos professores, e lentamente irá julgar seus valores. E espero que os altere, pois o mundo não vai parar, e eu creio, devemos acompanhá-lo. Os valores se alteram, afinal, “certo e errado” no fim, é uma interpretação de um fato. E se os valores forem errados, a interpretação o será também, tenha certeza.
Até onde você vai chegar? Não sei, creio ter perdido a noção da altura com o passar do tempo, ou talvez, por medo do resultado, sequer conceba voltar a olhar para baixo. A satisfação é algo que tornei a desconhecer, e ciclo vicioso da conquista é por deveras presente. As vezes penso em parar simplesmente para curtir o visual, mas a única vez que fitei o horizonte, tive certeza. O por do sol, o calmo véu azul da noite, trazendo as estrelas e a lua para seu lugar… Tudo, tudo um dia estaria entre meus braços. Para que então, me sentisse em plenitude. Teria por fim, o meu horizonte conquistado, somente meu.
Mas existe um erro, afinal, a beleza do horizonte não é em si o próprio, mas sim o sentimento e o seu real significado. O horizonte é belo, pois é desafiador, está lá longe… Como se não pudesse ser tocado. Como se sussura-se em meus ouvidos, “eu estou te esperando, terás por fim a ousadia de me perseguir?”.
Uma preciosa amiga um dia me disse que o belo dos sonhos são os caminhos que trilhamos até eles, enquanto os estamos perseguindo. Um sonho realizado alça o status de mera realidade. Talvez a realização do sonho seja a parte menos importante, ela dizia. Pois tudo que aprendemos, e todas as pessoas que conhecemos, são no caminho em busca de nossos sonhos. Eu dizia que era uma desculpa para eternamente em sonhos viver, e ela ria, pois sabia que eu era inocente demais para entender a mensagem que ela me passava. Meus valores eram complemente equivocados. Mas o tempo é o mais sábio dos professores…
Então, aproveite a caminhada rumo ao seu horizonte. E quanto o tiver em seus braços, permita-se parar, refletir e abrir os braços, e entenda que a real beleza dos sonhos não é a conquista, mas ter justificativa e o direito de, que meras existências como nós alcemos o status de pessoas, em toda a sua plenitude.
Abraço .O>